segunda-feira, 26 de julho de 2010

A hitória da serigrafia

A arte de estampar é um processo de impressão que tem registro histórico datado de mais ou menos 3.000 anos antes da era cristã; esse registro é o selo real com o qual as monarquias imperiais da Ásia Menor davam valor de documento a um escrito. Também, a arte de estampar foi muito desenvolvida no Egito usando-se tecidos que recebiam a impressão através de gravações efetuadas em placas de madeira. Em sua Língua, os gregos antigos denominavam serigrafia como serikos graphein (seda + desenho), mas não eram mestres nesta arte. Já a estampa de textos iniciou-se na China e teve um desenvolvimento artístico tão fenomenal que veio a influenciar a Europa; ainda na China, iniciou-se a utilização do tecido de seda (daí o nome silk utilizado pelos anglo-saxões quando se referem a tal processo) para impressões múltiplas, ou em série (no inglês: serial) de uma imagem. E no Império Romano, sabe-se pelas descobertas arqueológicas em Pompéia, utilizava-se a arte de estampar para sinalizar (no inglês: sign) publicamente um ato político ou cultural.
Eis-nos diante de um processo que já agregava dois segmentos de intervenção artesanal: a impressão artística e a comunicação visual.
Serigrafia é uma denominação técnica que vem de onde?
Sabemos que a tela de seda é a palavra-chave quando se quer nomear algo serigráfico.
Antes da questão técnica é preciso esclarecer a questão histórica. Certo? Entenda-se, pois, que a Seda é um produto da desova da Mariposa cuja postura chega a quinhentos ovos: neles são geradas minúsculas lagartas (ou, bicho-da-seda) que têm por alimentação básica a folhagem de Amoreira; quando as lagartas atingem a idade adulta deixam de alimentar-se e buscam um local para encasular, momento em que geram, ou segregam, uma substância chamada Fibroína que passa pelas glândulas em dois fios revestidos por uma outra substância protéica conhecida como Sericina. Vem daí a denominação Sericultura, iniciada com a imperatriz chinesa Hsi-Ling-Shi que reinava com Huang-Ti em 2690 aC; e só no ano 140 DC, após o matrimônio do monarca de Cottan (região de Serinda) com um princesa ocidental, é que a Sericultura notabilizou-se como riqueza comercial na Ásia, mas, com grande desenvolvimento no Japão.
Depois vêm os anglo-saxões... Bom, não podemos esquecer que a História dos últimos séculos do segundo milênio do calendário cristão estão intimamente ligados à Revolução Industrial processada na Inglaterra..., e retornemos à questão: os anglo-saxões, ou melhor, a Língua inglesa traduz seda como silk; sendo este tecido peça de um processo de impressão (screen) logo foi constituída a palavra composta silk-screen. Com a atividade industrial gráfica (graphic) em evolução, aliaram à técnica o tipo de processamento: estampagem gráfica em série, daí, resultou serial + graphic = serigraphic, palavra que na Língua portuguesa foi adaptada como serigrafia, mais em função da Cultura grega que lhe é base, também, do que da Língua inglesa. Ao contrário do que muita gente pensa e fala, não foi na Inglaterra e sim na Suíça que o desenvolvimento industrial do Tecido Serigráfico teve lugar, especialmente através das empresas ZBF e Sefar Inc.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Introdução à serigrafia.


Introdução à serigrafia.
A serigrafia é uma técnica muito antiga e versátil para reprodução de imagens cujo princípio é o uso de uma máscara (estêncil) para bloquear o escoamento de tinta nas áreas que não devem ser estampadas. A reprodução de imagens pelo uso de estênceis é conhecida desde tempos remotos. Encontramos registros de sua utilização na decoração de túmulos egípcios, em artefatos gregos e em placas de sinalização no Império Romano. A partir do século III, na China, a técnica de estênceis foi aperfeiçoada com o uso do tecido de seda como suporte para a imagem, origem do nome silkscreen como referencia ao processo. Na Idade Média, o betume era utilizado para pintar a imagem negativa sobre um tecido e depois da secagem, utilizava-se um pincel para fazer a tinta passar pelas áreas abertas da matriz, em um processo semelhante a uma aplicação de estêncil.
No século VIII, os japoneses utilizavam quadros de bambu, cabelos humanos e folhas de bananeiras, para compor seus equipamentos de impressão, com os quais estampavam tecidos com desenhos intrincados e cheios de detalhes. No começo do séc. XX a serigrafia já tinha seu lugar na modernidade, utilizada artisticamente em diversos segmentos, como a alta costura e a cerâmica.
A partir do século XX, várias inovações técnicas foram sendo incorporadas:
O pincel foi substituído por um rodo de borracha.
O processo fotográfico passou a ser utilizado para a gravação da matriz.
A seda foi substituída por tecidos sintéticos (poliéster, nylon e metálicos).
Com o desenvolvimento de novos tipos de emulsões, o processo de gravação atingiu níveis de definição e resolução cada vez maiores.
Foram desenvolvidos vários tipos de quadros (madeira, ferro, alumínio).
Novas tintas (vinílicas, sintéticas, epóxi, plastisol, entre outras).
Desenvolvimento de equipamentos automáticos e mecânicos para impressão.


“As necessidades impostas pela segunda guerra mundial projetaram a técnica serigráfica para a produção industrial. Precisando decorar materiais de guerra diversos, em grandes quantidades e reduzido tempo de produção, as indústrias passaram a utilizar este processo em larga escala. Muitos artesões que durante a guerra aplicaram suas habilidades na decoração de tanques, armas e panfletos, tinham um caminho certo a seguir quando a guerra terminou: serigrafia industrial”. (Silkscreen, agosto 2000, p.10)


Essa técnica usada para reprodução de imagens e textos, nada mais é do que o estêncil colocado dentro de um quadro. Para preparar a tela serigrafica é preciso criar o desenho, ou layout e depois o diapositivo. A partir desse desenho é criado um positivo (diapositivo), ou seja, uma impressão com a imagem ou o texto desejado, totalmente preto sobre um suporte transparente que permita tanto o bloqueio da área impressa, quanto a passagem de luz pela área transparente e assim gravar a matriz. O diapositivo pode ser feito à mão ou com o auxílio do computador usando programas para desenho vetorial que são muito eficientes, sendo o Corel o mais utilizado. A qualidade da reprodução depende diretamente da qualidade do diapositivo (fotolito, poliéster, laser film ou vegetal) o uso de transparências deve ser evitado, pois, não tem resistência ao manuseio e a camada oleosa dificulta a fixação na matriz emulsionada. Também é possível projetar a imagem ou texto diretamente na tela através de processos mais modernos que usam computador acoplado a um projetor que transfere a imagem para a matriz já emulsionada.


Alguns fabricantes de materiais para serigrafia combatem o uso do poliéster, laser film e do papel vegetal, mas, ironicamente fabricam (tonalizadores) produtos que os tornam aptos para a gravação de telas.


O grande sucesso da serigrafia está em sua versatilidade e possibilidade de, com auxilio de equipamentos específicos, conhecimento do processo e de materiais ser possível estampar praticamente sobre todos os tipos de substratos. É muito comum associar serigrafia com impressão de camisetas, brindes e adesivos, mas, sua utilização é muito mais abrangente e sempre surgem novas aplicações. Dificilmente nos damos conta de como a serigrafia está presente em nossas vidas.


Na comunicação visual a serigrafia é utilizada na confecção de placas de rua, sinais de trânsito, propaganda em outdoors, backlights, frontlights e banners, em pequenas ou grandes tiragens. Adesivos em geral para qualquer tipo de superfície, temporários ou permanentes, com a finalidade de decoração, instrução ou divulgação. Vinculação de marcas, em uma pequena etiqueta de uma embalagem até na decoração de frotas de veículos. Sua aplicação é tão ampla quanto a criatividade nos permitir. Neste mercado a serigrafia é utilizada para impressões em réguas, chaveiros, canetas, copos, taças, bandejas e em balões infláveis de qualquer material, forma e tamanho.


Serigrafia têxtil, a mais comum e conhecida seu campo de aplicação é extremamente extenso. Neste mercado utiliza-se a serigrafia na impressão de bandeiras, camisetas, toalhas de banho, toalhas de mesa, lençóis, fronhas e bonés. A impressão pode ser indelével, ou em alto relevo, com finalidade visual (desde uma simples decoração até o efeito lenticular ou holográfico) ou até funcional (como uma impressão antiderrapante em meias de criança ou para hidroginástica). Além da impressão direta, citada nas linhas anteriores, podemos também ter a execução de transfer hidro, de plastisol ou sublimático.


Indústria gráfica, a serigrafia completa a impressão por offset, podendo fornecer resultados de melhor qualidade, com cores mais vivas e permanentes, maior depósito de tinta e conseqüente alto relevo, maior flexibilidade quanto a quantidade, tipo de substrato e tinta ou material a imprimir. Temos a reprodução de obras de arte, impressão de literaturas, folhetos, cartazes, cartões de crédito, CDs, alto relevo em convites de casamento, cartões de visita, papelaria das empresas e impressos em gerais. Uma aplicação que está expandindo bastante é a aplicação de verniz UV alto brilho.


Eletrônicos, impressão de tintas que funcionam como máscara protetora sobre placas de circuitos impressos, impressão de tintas de legendas, tintas condutivas nas calculadoras eletrônicas, monitores de cristal líquido, mostradores de equipamentos analógicos e digitais.
A indústria de eletrodomésticos utiliza o conceito, reprodução de imagens por serigrafia para permitir grandes ganhos com qualidade e produtividade, pois ela permite depositar produtos condutivos, isolantes, adesivos e vários tipos de resinas fluidas. Podemos encontrá-la na fabricação de juntas de motores, selos mecânicos, fogões cerâmicos e circuitos térmicos de condução de gás em geladeiras.


Cerâmica, Impressão direta sobre pisos e azulejos, pisos antiderrapantes que por diferentes deposições de camadas, tornam-se texturizados. Uma aplicação que pode ser considerada como uma obra de arte, frente à beleza do trabalho final. Pisos e azulejos podem ser impressos diretamente, com tecidos técnicos (telas) mais abertos ou fechados, para resultar em deposições diferentes, com finalidade decorativa ou funcional (pisos antiderrapantes). Por sua vez, porcelanas, tais como pratos, xícaras e bules podem ser decorados de uma maneira indireta através de decalques (impressões serigráficas com tintas vitrificáveis em papéis transferíveis).


Automobilística, Impressão sobre vidros, aplicando reticulados para controle de luz, condutores elétricos para antena FM, condutores de calor para desembaçar vidros, impressão em relevo para junta de motores.


Vidros, aplicações decorativas em objetos de casa como jarras , copos, espelhos de banheiros, tampos de fogões, etc.

A cada dia surgem novas aplicações para a serigrafia, ampliando assim as várias utilizações já existentes para essa técnica milenar.


O tecido técnico que for escolhido para fabricar uma tela de serigrafia, deve oferecer uma excelente estabilidade dimensional, pois essa estabilidade garantirá a precisão do registro das cores e boa resolução de imagem. A variedade de tecidos é muito grande e a pessoa que for confeccionar uma tela, deverá ter conhecimento do processo para assim poder escolher o melhor tecido para determinado trabalho.
Com uma variedade tão grande de utilidades, a indústria serigráfica precisou desenvolver materiais para cada tipo de uso. Hoje existem muitos tipos de máquinas, de tintas, tecidos especiais para gravação, solventes, quadros, não podemos nos esquecer da enorme contribuição para o sucesso dessa arte, que é o uso do computador com programas específicos para o aprimoramento da atividade, e o fator humano que é sem duvida alguma o mais importante para o desenvolvimento desta e de qualquer outra atividade.

Corrido manual:
O corrido é a impressão contínua (normalmente sobre substratos têxteis) onde a imagem estampada foi trabalhada (arte-final) para dentro de uma determinada área de impressão, ter um encontra nas margens laterais, inferiores e superiores permitindo (a olhos leigos) a não percepção deste encontro. O corrido não precisa ser necessariamente um tecido com 1,60m de largura que utiliza uma tela medindo 2,00m x 0,90m tudo vai depender da finalidade e recursos, um exemplo são as fitas do senhor do Bonfim e das etiquetas estampadas.
A utilização de efeitos diferenciados para o corrido e localizado não depende só da intenção do design ou do serígrafo, depende da habilidade, dos recursos e equipamentos disponíveis para tal.

Localizado manual:
As estampas localizadas, como o próprio nome diz, são preferencialmente para estampar em peças desmontadas (frentes, costas, mangas, etc.) e permitem impressões com tintas comuns e uma enorme gama de efeitos diferenciados. Dentre as várias tintas disponíveis para serigrafia têxtil, podemos citar as seguintes:

Tintas a base de água (aquosas), com ou sem cobertura e podem ser de secagem ao ar (cura ao ar, com polimerização em 72 horas) ou estufa (cura na estufa, com tempo e temperatura variável de acordo com a composição e fim). Alguns exemplos de tintas a base de água são:
Clear; Tinta transparente própria para impressões sobre fundos claros.
Mix; Tinta com cobertura própria para impressões sobre fundos escuros (em alguns casos será necessário o repique).


Transfer sublimático; essa técnica consiste em estampar o papel com tinta a base de corante ácido e depois transferir-se através da prensa térmica para a roupa, que deve ser sintética e clara. As melhores impressões de transfer sublimático, são os que são produzidos em off set e transferidos por calandra . As tintas sublimáticas, ao contrário das outras, não se depositam sobre o substrato, mas fundem-se com eles. Elas também não podem ser estampadas diretamente no tecido, mas sobre um papel próprio e posteriormente, transferida para o tecido. Não é uma técnica muito simples de ser executada dentro da estamparia localizada por não ter uma coerência no que diz respeito a cor,ou seja, vários papéis estampados do mesmo jeito, podem ter depósito de tinta diferentes ocasionando numa produção , peças com tonalidades diferentes. É muito usada para uniformes de futebol.

Cola para flocos; A Flocagem é uma técnica que até bem pouco tempo atrás não era muito usada para roupas. Ela pertencia aos brindes, aos trabalhos escolares, em 2000 ela começou a entrar para a moda e a aparecer em algumas camisetas masculinas, sendo feitas por aplicação com papel flocado. O sucesso foi tão grande que rapidamente a técnica pulou para a roupa feminina também. Hoje o floco é amplamente difundido e está em todas as roupas, do infantil ao adulto e embora o papel flocado seja muito utilizado para essa técnica, a máquina de flocar tem seu lugar garantido nem tanto por ser mais barato, mas, por deixar um efeito mais alto e mais aveludado que o papel. A flocagem de máquina é feita por eletrostática. Estampa-se a cola própria, ou um plastisol próprio, e leva-se para debaixo da peneira (ou para a prensa com o papel) onde os flocos caem de pé sobre esta cola úmida e depois passa por uma polimerizadeira onde vai secar e ganhar resistência. Esse material que antes fazia parte das coleções de inverno, agora tem seu uso direto não tendo mais a conotação de inverno.

Cola para foil; Esse material que a princípio só havia o importado, são partículas de poliéster que tem um papel, do tipo celofane, como veículo. Essas partículas podem ser transferidas para as roupas diretamente, com uma cola própria, que depois de estampada, é levada à prensa para ser devidamente prensada e fixada. O foil, por ser um material que tem muito brilho metálico, tem uma grande aceitação no mercado da moda. Já há muitos anos ele vem sendo usado seguidamente pelas grifes que querem agregar um valor à estampa das suas roupas. Como todo material serigráfico delicado, o foil precisa, depois de aplicado, ser bem tratado na hora de lavar as peças onde ele foi usado. Sua vida útil, se seguida as instruções, é bem longa. Ele existe no mercado em várias cores únicas, e também em cores mistas com degrades, holográficos, craquelados, e com aparência de camuflado.

Devorê; Nessa técnica, o tecido precisa ser próprio para devorê, a fim de não fazer buracos na roupa por ser um produto que em temperatura, devora o algodão. Normalmente o que se usa é uma composição de meio a meio entre fio sintético e algodão, numa mistura intima. Os resultados são muito bonitos deixando o desenho somente na fibra sintética que normalmente fica transparente.

Corrosão; Nessa técnica é preciso ter uma malha colorida, tingida originalmente com o corante reativo, pois do contrário nada acontece quando se tenta corroê-lo. No tecido estampa-se a pasta de corrosão com o redutor, que depois de pré seco vai para a polimerizadeira à 170°. O cheiro que fica na peça é muito forte e desagradável e precisa ser lavado para parar o processo. Neste último mês, uma nova corrosão foi lançada no mercado, sem cheiro e sem necessidade de ser lavada em seguida. Em qualquer corrosão existe a opção de tirar-se a cor e ao mesmo tempo colocar-se outra cor no lugar (corrosão colorida).
Tintas a base de plastisol são tintas derivadas de resina PVC, com alta concentração de sólidos, não seca em temperatura ambiente o que facilita seu uso, mas, que para ser utilizada precisa de equipamentos próprios para secagem (flash cure), mesa dura e resistente ao calor e uma polimerizadeira. São tintas com um poder de cobertura muito grande e principalmente de resistência as lavagens. São inúmeros os usos das tintas plastisol, vão desde o uso normal em qualquer estampa até as técnicas diferenciadas que ela permitir (www.genesistintas.com.br). Entre elas podemos citar as várias aplicações sobre o jeans, permitindo que depois de estampadas e devidamente polimerizadas (elas precisam de pelo menos 170° durante 3 minutos), essas peças jeans possam sofrer processos de stone ( lavagem com pedra, em lavanderias industriais) e passando por inúmeras lavagens com água em temperaturas elevadas. Outras técnicas usadas também muito apreciadas são as estampas de quadricromia plastisol (as tintas são de cromia plastisol) sobre jeans. O plastisol pode ser encontrado em todas as cores já prontas e também na incolor. Sendo um produto que não cura ao ar, depende de polimerização por calor, essa pasta é muito apreciada pelos serígrafos em geral, pois não seca na matriz, portanto não entope nunca. Permite que os detalhes muito finos como linhas e retículas sejam reproduzidos com muita eficiência mesmo que se trabalhe com uma malha na matriz muito fina, além de proporcionar uma definição excelente dos desenhos gravados.


O mundo da serigrafia é rico em possibilidades e sempre surgem novas aplicações. Permite alta definição e resolução, perfeição em detalhes extremamente finos. A serigrafia une flexibilidade e qualidade em uma técnica simples para personalizar, criar visuais exclusivos, diferenciados, produtos funcionais e o que a imaginação, a técnica e os recursos disponíveis permitirem.